A Dança





A dança começou. A tua mão primeiro deslizou na minha, para depois se colar, palma com palma. Levaste-me como ave flutuando num céu desenhado de tons doces e primaveris. O meu cabelo  ruivo, esvoaçava feito a crina de um corajoso cavalo em galope rápido e certeiro.

Fecha os olhos.  Palavras constantes na minha cabeça, numa só voz, a cada vez que rodopiávamos e eu via os tons da decoração da sala esbaterem-se numa só aguarela, manchada e ilusória. A música alternava entre as batidas do meu coração e o som dos nossos passos. E eu tentava escutar o teu coração...talvez para acertar o compasso do meu, naquele movimento ondular de corpos, mãos suadas e uma brisa levemente perfumada.

A música já tinha terminado há breves instantes, mas nós continuávamos aquela dança, completamente inebriados, presos no olhar um do outro, de mãos mais unidas que nunca, num perpétuo andamento. 

Talvez ambos desejássemos que aquele momento ultrapassasse os limites do grande Senhor do Tempo, aquele que fora o responsável por termos voado em direcções opostas, num passado tão cinzento e esbatido, mas que agora nos trazia para um presente  matizado de tons verde esperança. 

                                                                                                                                                 Anne 

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